domingo, 21 de agosto de 2011

despediu-se delas e seguiu pela rua. o táxi afastou-se. o dia rompia. a hora mais escura estava a terminar. carros a passar. desconhecidos que regressavam desse lugar que é a noite. passo a passo, uma esquina, uma nova rua. um novo pensamento. e um grito aflito. de dor. ele correu na direcção do grito. um homem. um homem jovem no chão. à beira da estrada. caído. ferido. o eléctrico que se aproximava. os carros a buzinar.
corri.
- eu ajudo-te.
- dói-me tudo.
- vi-te cair. bateste com a cabeça. deixa-me tirar-te da estrada.
- vejo tudo à volta.
- vou levar-te ao hospital. não podes ficar aqui assim.
- isto já passa. e tu estás vestido de preto. como um anjo negro. devo ter morrido.
- toma. fica com a minha garrafa de água.
- não tens asas.
afastou-se dele. seguiu a rua. o homem encostado à parede pareceu-lhe uma criança, à distância dos passos. uma criança a brincar à porta de casa.

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